
A vida em fragmentos poéticos
Dias noites tempos sem fim.
Tempos mortos tortuosos, torturantes.
Sonâmbulos desapressados subjetivos crespusculares
Paralelos dramáticos ansiosos cárceres desconfiados, felinos.
Surrupiaram a cronologia mórbida que nos levava ao abismo,
Kairós reinará absoluto até Logos chegar, atemporalidades.
Cachorros salvando da clausura
kipás e gatos atrás das redes
folhas secas sobre o asfalto numa incômoda inquietude
cortinas encardidas grandes telas cigarros velas
gritos panelaços vizinhos nas janelas
Estrelas lua sol nuvens todos parecem esmiuçar angústias.
Tempos felinos, Piratianos eu diria.
De dia o sono dos reis de noite boca-rota.
Eufóricas luas cheias preguissentas minguantes
Desassossegadas espreguiçadas e esfregadas pelos cantos
Cochilos esparramados na janela dentro do armário na bandeja
Lambiscando-se em intermináveis banhos desengonçados.
O vazio me assola assombra ensurdece.
Desencontros descompassados sufocantes
Grilos e cigarras coisa rara, mas o Pirata me alegra
Mesmo com pelos pela casa roupa louça boca
Em sua eterna clausura me acalma a alma.
A sua alma acalma com quê?
O sol nas frestas das muralhas cinzentas
Reverbera pelas janelas alegrando o Pirata
Que rola de lado ao outro até que me vê e congela.
O mesmo sol a mesma janela dia após dia.
Não me alegro pito um cigarro com ele na mira.
Será que estou vivendo o tempo dos gatos?
Por @andreanero
@copywritter2021
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