O Livro Alma Imoral, de Nilton Bonder, é um convite para a reflexão sobre conceitos universais como corpo e alma, bom e correto, compromissos e rompimentos.

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Me chamou a atenção o trecho do livro sobre a tensão entre tradição e traição que ocasiona a transgressão. Fala de um corpo condicionado à tradições e uma alma que grita em um profundo silêncio. Interessante refletir sobre isso neste momento de pandemia e perceber como o ser humano escolhe se colocar perante a vida quando se percebe em um lugar estreito, de extremo desconforto.

Estreiteza, lugares que no passado muitas vezes nos serviram como parte da jornada de desenvolvimento e crescimento, mas com o tempo tornaram-se limitadores
Somos muito apegados a matéria, aos espaços, a títulos, a julgamentos, a conquistas, planos, projeções, sonhos, que ameaçamos de forma violenta, como uma traição, a integridade humano em nós. E justamente este apego é que nos paralisa e nos impede de andar lado a lado com nossa alma.

A diferença é que a traição sabemos medir, mas poucas vezes nos damos conta da violência que estamos impondo a nossa alma.
A alma, quer nos mostrar as possibilidades. Como não damos ouvidos ao seu chamado, ela nos obriga a enfrentar barreiras e testar nossos limites. A alma é ousada, e impõe seu ritmo de caminhada. Ela diz "Siga em frente, aqui não serve mais".
Porém entre o presente e o futuro, existe um fosso, um oceano, um abismo escuro e desconhecido! Parece uma proposta imoral. O corpo se sente traído ao ser jogado ao desconhecido. Mas, se olharmos bem, é a alma que há muito está sendo traída, por não ser notada, ouvida e percebida.
A alma trai o corpo em nosso benefício. Ela nos faz enxergar o que estamos escondendo de nós mesmos. Puro processo de crescimento e aprendizado. Bonito demais ver um corpo se desnudar dos apegos e se abrir a transformação. Uma metamorfose que muitas vezes nos assusta por parecer que estamos abrindo mão de nossa integridade e identidade.

Segundo Nilton Bonder, todo conceito de futuro está na possibilidade humana de transgredir o "certo", a "casa" e o" território" de nosso passado. Transgredir as próprias convicções é tão essencial, quanto sermos submissos ao interesse da nossa alma
A Alma liberta.
A Alma abre mão em prol de algo.
O Corpo segura.
O Corpo só transgride se traído.
A Alma não aceita estreiteza.
O Corpo se acomoda mesmo na estranheza.
A Alma salva da imutabilidade que nos violenta.
O Corpo violenta a alma.
A Alma transgride a convicção.
O Corpo enraiza na convicção.
A Alma deixa correr solto, mas está no controle.
O Corpo acredita que está tudo sobre seu controle.
A Alma sabe e sabe que sabe.
O Corpo não sabe, mas presume que sabe.
@andreanero
Imagens da performance, usadas neste post, foram tiradas do longa documentário Alma Imoral que se encontra no Youtube aberto. Longa completo neste link.
Namastê
Adorei o texto! Pretendo hoje mesmo assistir ao documentário. Obrigada!!