Em 2015 tive o primeiro contato com a arteterapia. Sem me dar conta, durante algumas semanas fiquei modelando e tentando estruturar uma boneca que parasse em pé, que tivesse braços articulados e cabelos armados. Pra mim, eu estava apenas aprendendo mais uma arte manual, que adoro.
Mais era muito mais do que isso. Se tornou um desafio que me tirou da zona de conforto e me colocou na zona do conflito interno.Tudo isso orientada pelo artista plástico, professor e arteterapeuta @alex_eschen . Durante semanas eu só queria fazer a boneca. Desisti e voltei varias vezes, me irritei, xinguei, esbravejei, mas ao final, amei a boneca, o processo e me dei conta que minha Avatar e iniciava ali um processo de arteterapia.
A roupa, cortei e costurei a mão, igual ao meu casaco preferido. A forma como a coloquei empunhando a espada, pronta pro grito de guerra, era eu no dia a dia. As botinas pretas baixas com meia calça de listras, como eu usava.
Sem muito saber o que fazer com essa mini Eu, a coloquei na mesa do escritório de casa, depois na estante e depois no quarto.
Em 2018, me mudei mais uma vez. Na hora de arrumar a casa nova, minha Avatar ressurge em meio aos fios e agulhas. A essa altura, bordado e crochê já eram figurinhas diárias na minha vida, minha terapia. Do ostracismo, Ela volta a ser destaque e foi pra sala, na estante com livros, box de filmes, álbuns, objetos trazidos de viagens e presentes que ganhei de amigos queridos. Lugar ilustre!
Assim como eu, Ela já não era mais a mesma, o casaco foi guardado junto com a espada. No lugar deixado pela espada, coloquei meu novo objeto de poder, uma agulha e um novelo.
De lá pra cá, já são quase quatro anos, a quantidade de material só aumenta, garrei amor na coisa, comecei a estudar a mente humana e a ligação com os fios. Empunhando agulha e linha montei vários encontros, rodas de conversa, oficinas, ateliês livres e workshops, presenciais e onlines, só pra conversar e ensinar a mulherada a crochetar ou bordar.
Por mais qualidade de vida no home office, por mais espaço pra meu ateliê e por um quintal, em 2021 rolou mais uma mudança, desta vez pra uma casa. E na abertura das caixas, lá estava ela, minha Avatar nadando em mio aos fios e agulhas. Hoje, ela não ocupa apenas um lugar ilustre.
Ela é protagonista. Na entrada de casa, junto ao altar, de casaco e espada presos na cintura, sorriso no rosto e olhar firme, Ela empunha sua agulha e linhas e dá as boas vindas a todos que chegam. Os fios e agulhas? Ganharam estante, cestos e caixas, e eu uma poltrona que em breve vou forrar todinha de crochê.
Pra mim, o que fica é a importância de se juntar em roda, conversar, ouvir, trocar experiências e ensinar mais e mais pessoas a fazer atividades com fios. Fios são conectores, atividades manuais com fios estimulam as conexões neurais, nos conectam com memórias conscientes e inconscientes e os movimento repetitivo das mãos nos tira da confusão mental dos pensamentos e nos trazem pro "Aqui e Agora", lugar ao qual, parece que não sabemos mais como habitar. Sem contar que é cientificamente comprovado que o crochê e o bordado ajudam a previnir a Depressão e o Alzheimer. Da uma olhada na lista de benefícios!
Estimula a concentração, o raciocínio e a coordenação motora.
Diminui a ansiedade.
Aumento os níveis de serotonina e dopamina, que dão a sensação de prazer e bem estar.
Diminui a pressão sanguínea, o que relaxa e acalma.
E você, já experimentou pegar uma agulha, um fio e um pedaço de tecido ou uma imagem em papel e sair furando e passando o fio de um lado ao outro sem pressa? Ou quem sabe pegar uma agulha de crochê e se arriscar a fazer uma bolsa, faixa ou blusa vendo um video no Youtube pra sentir e perceber a sensação de presença e conexão com seu mais íntimo?
Se permita vivenciar o novo, teste fazer algo com fios e agulhas, suas conexões emocionais e neurais agradecem.
Namastê
@andreanero
@copywritter2022
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