
Foto @andreanero Arte Azulejo @rebrasil
71 dias de isolamento. 53 anos de idade. 40 anos de tricô, bordado e artes manuais. 29 anos como mãe. 20 anos de audiovisual. 10 anos de meditação. 10 anos estudando mitos, contos de fadas, as jornadas heróicas e narrativas. 05 anos de estudo em documentários e roteiro. 03 filhos adultos, 29, 27 e 25 anos. 03 casamentos. No 1o fui vítima de violência doméstica. No 2o conheci um lado leve e despreocupado de levar a vida. No 3o fui muito amada e cuidada. 02 anos sem pintar o cabelo. 2 dúzias de cabelos brancos. 1a vez em isolamento social obrigatório.
A palavra Crise vem do grego Krísis. Significa "ação ou faculdade de distinguir, decisão difícil". Ou seja, a crise bateu na porta, não tem como fugir. Tem que resolver. Já vivenciei algumas. Crise nas relações, meu karma como libriana. Crise de identidade, algumas. Crise financeira, várias. Crise existencial, inúmeras. Crise profissional, hummm… tô nela. Crise maternal, constantemente. Crise de idade, uma, na chegada da menopausa. Crise mundial, sou estreante, é minha primeira vez.
Crise, momentos de perceber o que realmente continua fazendo sentido na nossa vida. Tarefa nada fácil com a correria do dia a dia onde fica tudo junto e misturado. Mas, como o universo é sábio, resolveu parar tudo e nos prender em casa. Assim, essa história de que não ter tempo para olhar para nossa vida não serve como desculpa.
O famoso "deixe morrer o que precisa morrer para o novo entrar"
Na mitologia, Campbell chama esse momento de "Chamado à aventura". Afinal, descobrir o que está pegando no nosso inconsciente e nossa vida cotidiana não é tarefa para qualquer um, mas para nosso herói interno. O Chamado à aventura, é a 1a etapa de uma jornada de vida, que ele chama de "Jornada do Herói".

Para passar este momento de isolamento recorri a minha Musa, "minha criança interior."
Mas o que isso significa?
Aprendi com Julia Cameron no seu livro "Caminho do artista", que é imprescindível alimentar nossa consciência criativa, ou seja, um encontro com nossa hora de brincar. Encontro íntimo e solitário. Um tempo só de você com você mesmo.
Photo by Senjuti Kunduon Unsplash
Voltei a bordar, a estudar, a ler, a pesquisar e comecei a criar projetos. Me inscrevi em vários cursos on line gratuitos, aulas de yoga, pilates, óleos essenciais e sei lá mais o que. Aos poucos fui deixando muitos pelo caminho. Fui percebendo ao longo dos dias os assuntos que realmente me interessam e os que eu estava usando para acobertar espaços vazios.

Segundo Jung " A criação de algo novo não é realizado pelo intelecto, mas pelo instinto de brincar, agindo por uma necessidade interior. A mente criativa brinca com os objetos que ama".
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Tem sido uma experiência reveladora. Criei projetos de encontros e contação de histórias, refiz meu instagram para falar de minhas reflexões da vida, criei este Blog, estou junto com uma amiga criando um projeto para falarmos on line sobre ser mulher com mais de 45 anos na sociedade patriarcal contemporânea e estou dando consultoria de reposicionamento de marca e de identidade para empresas de duas amigas. Me desafiei a fazer coisas novas e só o que me inspirasse. Acho que esta funcionando, porque ainda não enlouqueci e os projetos continuam rolando.
Ficou muito forte para mim a necessidade de se ter a "coragem de ser imperfeita".

Precisei enfrentar a mim mesma, vencer minha autocrítica, meus medos, vergonhas, exigências e me expor, mesmo isolada. E esta sendo ótimo. Depois da dor de barriga inicial, você percebe que acordou no dia seguinte e a vida seguiu.
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O aprendizado do isolamento até agora...
* _ Trabalhar o desapego. O mundo é impermanência.
* _ Simplificar a vida. Não precisamos de tudo o que mundo quer nos fazer acreditar que precisamos.
* _Escutar nossa criança interior. Brincar com ela nos conectará com nós mesmos.
*_ O universo está no controle. Aceitar, acreditar, agradecer e entregar.

Estou disposta, mesmo com medos, duvidas e incertezas, a escrever uma nova história na minha vida. E você ? Qual sua vivência e aprendizados nesta quarentena que já virou sessentena?
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Namastê.
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