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  • Foto do escritorAndrea Nero

A vida pode ser um Contos de Fadas. "Vasalisa e Baba Yaga"

Atualizado: 2 de abr. de 2023




Te convido à um encontro entre o mundo das histórias encantadas e o mundo real, que se propõe a despertar o feminino e a liberdade de pensar, falar e agir nas mulheres.


"Esse enorme poder, o da intuição, tem a rapidez de um raio e é composto de visão interior, audição interior, percepção interior e conhecimento interior. Durante gerações a fio, esses poderes intuitivos transformaram-se em correntes subterrâneas dentro das mulheres, enterradas pelo descrédito e pela falta de uso. No entanto, Jung uma vez observou que nada jamais se perde na psique. Podemos ter a confiança de que tudo o que foi perdido na psique ainda está lá. Portanto, esse repositório da intuição instintiva das mulheres nunca se perdeu realmente, e tudo o que estiver encoberto poderá voltar a ser exposto."

(Mulheres que Correm com os Lobos, Clarissa Pinkola Estés)


Era uma vez ...
E não era uma vez...

Essa frase paradoxal tem a intenção de alertar a alma do ouvinte para o fato de que na história e na vida, nada é o que parece ser primeira vista.

Era uma vez, uma história de uma menina que vivia na Rússia a muito tempo atrás. A pequena Vasalisa, morava com sua familia, numa linda casa em uma cidade do interior próxima dos animais, da floresta onde vivam muito felizes sobre os cuidados de uma mãe-boa-demais. Porem um dia a mãe caiu doente. De forma muito rápida e sem nenhuma explicação foi desenganada pelos médicos. Nesse momento a mãe pede para chamar filha, pois estava na hora de dar a ela um presente muito importante.


Quando Vasalisa chegou, a mãe lhe deu uma pequena boneca de pano que fez com as próprias mãos. A boneca usava roupas iguais as da menina o que a deixou encantada com a boneca. Agradecida, abraçou a mãe carinhosamente e pediu que a mãe se curasse para não deixá-la sozinha. Como ela faria sem a mãe para lhe ajudar quando ela ficasse com dúvidas, medo e para quem perguntaria sobre algo que ainda não conhecia? A mãe lhe disse que a partir daquele momento, ela deveria perguntar tudo somente para a boneca. Porem, para que ouvisse a boneca era necessário...



Nunca se separar da boneca,
Não falar dela para ninguém e
Mantê-la alimentada.


Com essas palavras a mãe de Vasalisa morreu. Meses se passaram em profundo silencio, até que um dia, o pai comunicou a menina que havia se casado com uma viúva com 2 filhas da idade dela. A vida em família ficou movimentada, porem, o que o pai não percebeu, era que a madrastra e suas filhas passaram a abusar da Vasalisa. Pediam tudo a hora e a tempo, reclamavam de tudo, a ridicularizam, e aos poucos passaram a trata-la como serviçal.



Os anos passaram e mesmo triste com a situação, Vasalisa continuava meiga, doce e atendendo a todos os desmandos das três. Irritadas com a doçura e falta de atitude de Vasalisa as três resolveram se livrar dela. Tramaram um plano maligno. Apagaram o fogo da lareira e do fogão e quando ela chegou no final de um dia de trabalho pesado, as três a culparam por estarem congelando e a colocaram para fora de casa, dizendo que ela só poderá voltar se trouxesse o "Fogo que nunca apaga, que só a Baba Yaga, que mora no meio da floresta, possui".


Assustada, Vasalisa, pegou um pedaço de pão para a boneca e mesmo em meio a noite escura , entrou na floresta em busca da Baba Yaga. Depois de muito andar, exausta e chorosa, se percebeu perdida. Sem saber o que fazer começou a conversar com a boneca. Em seu bolso a boneca pula sem parar e ela entendeu que caminho deveria seguir. Até que avistou uma clareira toda iluminada de tochas de fogo cobertas por pequenas caveiras. No centro, uma casa de madeira sobre enormes pernas de galinha que andava de uma lado ao outro, como se dançasse. Vasalisa encantada correu em direção a porta e bateu chamando por Baba Yaga.




A velha bruxa da floresta acordou no meio da noite de muito mau humor e pronta para jogar um feitiço em quem estivesse em sua porta. Mas encontrou uma doce menina que lhe pediu sem medo pelo fogo que nunca apaga. Baba Yaga deixou ela entrar, explicou que o fogo era algo preciso e que ela precisaria fazer algumas tarefas para poder leva-lo com ela. Deixou uma enorme lista com a menina e foi dormir esperando que ao raiar do sol estivesse tudo pronto. Vasalisa prestativa como só, correu de um lado ao outro por toda a madrugada e um pouco antes do raiar do sol, exausta chorava por não acreditar que conseguiria terminar a tempo. A boneca percebeu que ela havia feito o suficiente e lhe colocou para descansar um pouco. Ao acordar, Baba Yaga ficou espantada ao encontrar tudo realizado. Não satisfeita, deixou uma nova lista de tarefas para ser terminada até sua volta ao por do sol.



Vasalisa novamente se desdobrou para fazer tudo. Ela precisou separar o milho bom do milho mofo no paiol, varreu o quintal, alimentou os animais, separou as sementes de papoula do estrume e as lavou para poder plantar. Quando o sol começou a se por, ela entrou em desespero e novamente a boneca lhe colocou para descansar. Baba Yaga retornou e encontrou tudo de acordo com o que foi pedido, além de um belo e suculento jantar. Durante o jantar Vasalisa começou a contar sobre sua mãe-boa-demais. Nesse momento o humor de Baba Yaga mudou. Ela interrompeu o jantar, deu o fogo a Vasalisa e a mandou de volta para casa.



Novamente Vasalisa se viu em meio a floresta no meio da noite. A menina, a boneca e o fogo que nunca apaga seguiram caminhando, até que, a certa altura, ao olhar para a caveira que cobria sua tocha de fogo, Vasalisa se perguntou se o fogo não era perigoso e se deveria mesmo levar aquele fogo para dentro de sua casa. A boneca começou a pular no bolso do avental e Vasalisa escutou uma voz que parecia vir da caveira de fogo dizendo, não se preocupe, não é a mim que deves temer, mas sim ao olhar dos outros, eu estou aqui para ajudar. A menina ouviu a boneca que novamente lhe acalmava e seguiu viagem até sua casa.



Logo na entrada encontrou a madrastra e as duas irmãs que ficaram muito assustadas quando a viram com o fogo nas mãos, pois acreditavam que a essa altura ela já teria sido devorada por algum animal. Enraivecidas, pediram para que Vasalisa acendesse a lareira e as deixe só. Vasalisa obedeceu, deixando a caveira de fogo bem no meio da lareira. A caveira ficou fitando as três e pouco a pouco as queimou por dentro. No dia seguinte quando a menina desceu, encontrou na sala, apenas três pedaços de carvão enfrente a lareira, os quais jogou junto as brasas. Sem encontrar a madrastra e as irmãs e percebendo que não havia ninguém para lhe pedir nada, ela resolveu passear pela floresta e redondezas, o que passou a fazer todos os dias.


No Capítulo 2 de "Vasalisa e Baba Yaga", vamos falar da


Intuição como o tesouro da psique feminina e o símbolo da velha sábia.

Através da jornada de Vasalisa, vamos refletir sobre a nossa própria jornada, nosso propósito e os desafios que enfrentamos ao longo da vida.

Te espero!

Namastê









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