
Pelo dicionário, mãe é a mulher que deu à luz, que cria ou criou um ou mais filhos. Pela visão espiritualista encontrada em diversos sites é a maior e mais desafiadora possibilidade do exercício do amor incondicional.
O fato é que, ser mãe muda a vida de uma mulher, desde a gestação, passando pelo nascimento, desenvolvimento e criação dos filhos.

Como filha, tive uma relação difícil com minha mãe na adolescência. O tempo não permitiu o amadurecimento da relação para podermos olhar para trás e rir do que passou. Ela se foi quando eu fiz 18 anos. Aos 24 anos virei mãe e desejei muito ter a minha por perto. Mas, não tive com quem trocar experiências. A maternidade para mim, foi uma experiência bastante solitária. Fui a primeira das amigas e das primas a ter filhos. (foto 1995)
30 anos se passaram desde que engravidei da primeira filha. Foram anos desafiadores. Quando virei mãe eu era apenas uma adolescente birrenta e imatura tentando entender a diferença entre brincar de boneca e cuidar de bebês.

Precisei aprender a ser mãe antes mesmo de me entender como mulher. Aos poucos, aprendi a abraçar minhas falhas, incompetências, equívocos, minha incompletude, meus medos, limitações e vulnerabilidades.
Por mais desafiador e difícil que seja passar pela aventura de ser mãe, essa jornada me proporcionou uma oportunidade incomparável de crescimento e encontro com que há de mais sagrado. O gerar, nutrir e criar outro ser humano.

Hoje, aos 53 anos, agradeço minha mãe, avó e ancestrais que como eu, aceitaram esse desafio. Agora com filhos criados, procuro deixar para trás a versão desatualizada de mim, revisitar conceitos, visão de mundo, preconceitos, e redefinir minhas prioridades.
Sobre a maternidade, a única forma que encontrei de compartilhar essa experiência inexplicável, foi escrevendo um poema.
Na maternidade sou apenas aprendiz
Confesso.
Caminhos muitas vezes tortuosos escolhi,
mas sem manual, sem mãe, sem internet e sem bola de cristal,
fechei os olhos e fui.
Por conta disso sobre brasas muitas vezes caminhei.
Sonhos e pesadelos, meus, dos filhos e dos outros, por muitas noites velei.
Até as benzedeiras e as ervas recorri.
Em muitos momentos esbravejei, desaguei e me arrependi.
Ser mãe não é para mimmmmm! _ gritei.
Pela vida, rodopiei,
mas pouco cantarolei.
Por tempos, em círculos andei.
Errei, acertei, consertei, cansei, desisti, retomei.
Verdadeiras maratonas corri,
e quando feliz pensei, aprendiiiiiiii.
Novamente me perdi,
e tudo desaprendi.
Me perdi e me achei inúmeras vezes que nem contei.
Em dado momento, as culpas que me tiravam o sono, matei.
Não pense que foi fácil, mas uma a uma pelo caminho, feliz enterrei.
Na busca da mãe em mim, minha alma em pedaços encontrei
Em pedaços, como assim?
Não aceitei! Me revoltei!
Então, por anos, lavei, coarei, costurei, passei e engomei.
Nas fendas das feridas flores perfumadas cultivei,
até que, um dia, a alma em frangalhos recuperei.
Com a alma limpa, renovada e remendada, mulher me descobri.
Contadora de histórias, renasci.
Conto e canto o que vivi,
o que experimentei,
o que senti.
Sobre ser mãe, o caminho que percorri,
me fez dar valor às vezes que errei,
afinal, se errei é porque tentei, experimentei,
me arrisquei,
e jamais abandonei.
É lindo, é pleno, é incondicional.
Mas verdade seja dita, é difícil pra carái,
tanto que em várias lições reprovei.
Então, em plena lua cheia só sei dizer que aceitei.
Sobre ser mãe nada sei,
e mãe aprendiz eternamente serei.
Um lindo dia das mães para todas as mães, avós, bisavós, ancestrais e às mulheres e cuidadoras que amparam tantas crianças ao redor do mundo.
Namastê!
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